Noutro tempo, as nações admiravam como maravilhas os oráculos, os castelos dos reis e seus túmulos. Hoje, não há quem fuja ao assombro, diante das obras surpreendentes da engenharia moderna, de quaisquer que sejam os grande estádios, as imensas torres ou os arranha-céus. Raros são, no entanto, os que se recordam dos prodígios do corpo humano, realização paciente da sabedoria divina nos milênios, templo da alma em temporário aprendizado na Terra. Por mais que nos agigante a inteligência, até agora não conseguimos explicar toda a sua harmoniosa complexidade — o milagre do cérebro com o coeficiente de bilhões de células; a câmara ocular, onde as imagens viajam da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se incorporam às telas da memória, como patrimônio inalienável da mente; o parque da audição, com os seus complicados recursos para o registro dos sons; o centro da fala; as fibras musculares; o aparelho digestivo; o motor do coração; o caprichoso sistema sangüíneo, com os seus milhões de vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de seleção dos rins; a epiderme, com os seus segredos dificilmente abordáveis; os órgãos veneráveis da atividade genésica. No corpo humano temos uma maravilhosa cidade estruturada com vidas microscópicas — quase imensuráveis. E, por meio dela, ensaiamos as lutas naturais e os serviços regulares do mundo. Dia surge, porém, no qual o homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se demora. Não é só pelo curso médico, mas é, sim, pela vida, que rendemos nossa eterna gratidão ao corpo humano.