Eu não o escolhi. E você, muito menos a mim. Eu ansiava por um caso interessante, abrangente, figura de livro, novidade. E você insistia em sair dali, fugir, correr, se esconder. Pequenos, grandes, de estimação, de produção… Eu, que era só aluno, fui doutor. Ainda que não me lembre de seu nome, você sempre estará em mim — como um olhar, um gemido, uma lambida, uma mordida, uma certeza, um orgulho, e, sobretudo, uma doação, só pela qual já lhe seria eternamente grato.
No início foi enorme a nossa insegurança. Muitos foram os nossos erros. Tivemos que aprender a ver vocês com outros olhos, diferente daqueles com que estávamos acostumados. Assumimos, então, o risco de parecer cruéis aos olhos daqueles que estão de fora, conscientes de que tudo sempre foi realizado com muito respeito. Só nos resta agradecer àqueles que, mesmo sem falar, souberam deixar seus sentimentos e desejos à mostra para que pudéssemos aprender a compreendê-los.