“Por que Deus permite
que os pais vão-se embora?
Pais não têm limites,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Pais, na sua graça,
são eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-los um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Pais não morrem nunca,
pais ficarão sempre
juntos de seus filhos”.
(Adaptação do poema “Para Sempre”, de
Carlos Drummond de Andrade)