É de conhecimento geral que o Brasil não é um país tido como referência. Isso no mundo e ainda mais quando se trata de educação. Talvez por conta da falta de investimentos do governo, talvez por conta das diferentes classes sociais que são encontradas em uma escola. O que importa é que atualmente, nós vivemos em um dos países com maior taxa de analfabetismo funcional.
E infelizmente, com o modelo de educação atual essa situação não tende a melhorar. Isso porque o analfabetismo funcional não se trata do simples analfabetismo, onde não se saber ler nem escrever. Analfabeto funcional é aquela pessoa que mesmo sabendo ler, não consegue interpretar o que lê. E, mesmo sabendo formar palavras, não consegue formular um texto coeso e coerente.
Lembranças
Com essa informação, com toda a certeza você consegue lembrar de pelo menos uma pessoa que se encontra nessa situação, não é? A maioria das pessoas são analfabetas funcionais quando concluem o Ensino Médio e muitas delas permanecem na mesma situação quando vão para o curso superior.
Isso é muito prejudicial para essas pessoas e para a situação do país como um todo. Isso porque analfabetos funcionais não conseguem interpretar as simples coisas que acontecem na sociedade e do dia a dia. Até mesmo na hora de escolher o candidato em que querem votar, por exemplo, não interpretam de maneira correta as propostas e escolhem alguém que não é adequado.
Sabendo disso, é necessário que providencias sejam tomadas para resolver essa situação. Porém, que providencias são essas? Como lutar contra algo que já está intrínseco na sociedade há tanto tempo? Como entender essa situação e descobrir porque ela é tão comum, principalmente entre os alunos do ensino público?
Analfabetismo sendo diminuído
Você já deve ter ouvido falar que os índices de analfabetismo no Brasil diminuíram muito nos últimos tempos, não é? Isso não é uma mentira. Cada vez mais as crianças tem entrado em contato cedo com a leitura e sendo alfabetizadas nas séries inicias. Fora isso, os programas de educação de jovens e adultos também contribuem para alfabetizar aqueles que não tiveram essa oportunidade quando menores.
Esses dados tem dado a ideia de que a educação do país está melhor. Isso é muito perigoso, pois ao passo de que essa ilusão é criada, os investimentos nessa área tão importante diminuem ainda mais.
A verdade é que sim, o analfabetismo puro tem sido diminuído. As crianças aprendem a identificar as letras e seus respectivos sons ainda muito novas, bem como juntá-las em palavras e depois em frases. Porém, não é por isso que saem do analfabetismo completo.
Identificação
Saber identificar números e operações básicas de matemática também são requisitos para que uma pessoa não seja considerada analfabeta. Pensando nisso, o governo tem inserido diversas cartilhas e livros com conteúdos desse tipo. E isso ainda no jardim de infância, para criar um ambiente propício para a alfabetização. Desse modo, as crianças aprendem a ler e a escrever muito cedo, o que é ainda mais interessante para o Estado.
E assim a situação vai se criando e se tornando ainda pior. Uma verdade mascarada se torna verdade absoluta para quem não quer enxergar os outros lados da história e prefere permanecer cego em sua própria bolha de opiniões.
O analfabetismo funcional cresce, bem como o numero de cidadãos incapaz de praticar a própria cidadania dentro da sociedade.
Como o analfabetismo funcional afeta o dia a dia das pessoas
Se o analfabetismo completo pode tornar a vida das pessoas bastante difícil, devido à impossibilidade de ler placas e entender as coisas mais banais do dia a dia, com o analfabetismo funcional não é diferente. Não é porque as dificuldades se manifestam de outra forma que elas são inexistentes.
Um analfabeto funcional tem dificuldades para realizar desde as tarefas simples até as mais complexas, pelo simples motivo de que não consegue compreende-las.
Um bom exemplo disso são os vestibulares. Eles são criados para testar a capacidade do vestibulando e verificar se ele tem condições de vir a integrar o corpo de alunos da instituição. Seja ela uma universidade, faculdade ou centro universitário.
Um analfabeto funcional provavelmente encontrará dificuldades em todas as etapas desse processo. Desde entender o enunciado das perguntas, decifrar cada uma das alternativas e classifica-las como certas ou erradas. Isso porque por mais que ele seja capaz de ler as frases, a capacidade de absorver o que elas dizem e principalmente de contextualiza-las com o resto da questão é inexistente.
A escrita
Para escrever uma redação então, tudo fica ainda mais difícil. A pessoa que tem o analfabetismo funcional dificilmente conseguirá contextualizar o tema com sua própria realidade. De modo que uma alusão história ou algo do tipo possa ser escrito. Além do mais, as outras competências que uma redação de vestibular costuma avaliar como sugestão de alternativas para resolução de problemas e argumentação provavelmente também deixarão a desejar.
Falando dessa forma, pode-se criar a ideia de que a pessoa que possui o analfabetismo funcional é “burra”. E, que não possui os devidos conhecimentos para entrar na universidade. Ou até mesmo para se formar no nível básico de ensino. Porém, a realidade não é bem assim.
Não é porque o analfabeto funcional não possui capacidade de interpretação e produção de textos que ele não possui conhecimento algum. Muitas pessoas extremamente inteligentes em suas áreas enfrentam dificuldades em expressar no papel tudo aquilo que se passa em sua cabeça. Ou, de organizar o monte de informação que circunda seu cérebro constantemente.
Como acontece?
O analfabetismo funcional acontece pelo modo com que a primeira alfabetização é feita. Também de como o aluno é conduzido durante todo o seu processo de familiarização com o mundo literário. O mérito e o conhecimento que ele adquire durante esse tempo todo não deve ser desprezado.
O aluno dentro da escola e da sala de aula é apenas uma engrenagem dentro de um sistema muito maior. Que o molda para ser um determinado tipo de estudante.
Sabendo disso, talvez o maior desafio dos educadores da atualidade seja descobrir um modo de tornar esses muitos analfabetos funcionais em pessoas que usam todo o seu conhecimento em seu dia a dia.
Por que o analfabetismo funcional acontece
É de concordância entre a maioria dos especialistas da área que o analfabetismo funcional acontece devido a maneira com que as crianças são alfabetizadas e por conta da falta de incentivo a leitura durante sua vida.
Durante a alfabetização não costuma ser muito comum dar valor ao significado das palavras que estão sendo escritas e aprendidas. Apenas a sua figura e o que são. Isso, se olhado por um outro ângulo, faz com que as crianças aprendam o superficial, mas não o interior da língua portuguesa. Podemos perceber isso muito facilmente em nosso dia a dia. Quantas vezes não ouvimos uma palavra que para nós era conhecida, mas que nós não sabíamos o real significado?
Isso é um típico caso de analfabetismo funcional. Nós sabemos ler a palavra e conhecemos a sonoridade dela, no entanto o seu real significado nos passa despercebido.
Ler e escrever
Depois que a criança é alfabetizada e já é capaz de ler e escrever sem grandes problemas. Outro fator do analfabetismo funcional vem a surgir: a falta de incentivo a leitura.
Pode parecer um clichê, mas quem não tem o hábito da leitura desenvolve muito menos a sua capacidade de interpretação. Isso pelo simples motivo de que raramente a exercita. Quem lê, principalmente leituras mais complexas, como os clássicos, aprende a contextualizar informações e a absorve-las muito melhor. Tendo isso em mente, o analfabetismo funcional não acontece tanto porque a pessoa é capaz de escrever melhor quanto porque ela é capaz de interpretar o que outras pessoas escreveram.
Como não criar analfabetos funcionais
Um dos maiores desafios dos educadores e da sociedade em geral é acabar com os analfabetos funcionais. O outro maior ainda é não construir novos.
Engana-se quem pensa que essa é uma função apenas do governo e dos responsáveis pela educação. Coordenadores, diretores e professores. Acabar com o analfabetismo funcional é um papel que todos nós devemos assumir> E ainda dar nossa contribuição da melhor maneira possível.
Sabendo disso, uma boa maneira de construir crianças interessadas no mundo da literatura é ler para elas desde muito cedo. Essa leitura não precisa ser um cânone ou um livro didático. E sim algo pelo qual elas despertem interesse e queiram saber mais. Pode ser fantasia, contos de fada ou até mesmo um livro de poesias. O que vale é a criança gostar desse momento. E ainda ter interesse em repeti-lo até mesmo quando não tem ninguém perto.
Incentivo à leitura
Outra coisa muito importante é construir uma alfabetização voltada ao incentivo à leitura e menos mecânica. Ao invés de dar frases para as crianças reproduzirem, fazer com que elas criem suas próprias frases. Ao invés de passar matérias no quadro negro ou falar para elas copiarem trechos do livro didático, pedir para que elas anotem o que entenderam da explicação.
Essas pequenas coisas, se feitas desde muito cedo com toda a certeza fazem a diferença. O aluno aprende a pensar sozinho, e não apenas reproduzir aquilo que lhe foi passado.
Outra coisa muito importante é continuar incentivando a leitura. Sem impor um determinado tipo de livro, apenas colocando regras quanto ao numero de páginas que ele deve conter. Desse modo o estudante escolherá aquilo que mais lhe desperta interesse, vai gostar da leitura e automaticamente vai querer repeti-la. Em um dado momento esse ciclo se tornará um habito e ele será um leitor nato.
Como acabar com o analfabetismo funcional nos adolescentes e adultos
Se não criar novos analfabetos funcionais é uma tarefa difícil, imagine mudar a mente daqueles que já passaram anos dentro dessa realidade.
Com adolescentes a questão do incentivo a leitura torna-se muito mais difícil. Pois, esses facilmente procuram por resumos na internet e os apresentam em sala de aula. O controle do que eles estão fazendo é muito mais difícil. Pois, se estes não tem vontade de mudar sua própria situação, pouca coisa pode ser feita.
Tendo isso em mente uma boa ideia é mostrar o quanto a falta de capacidade de interpretar algumas coisas pode lhes custar caro. Usar questões de vestibulares e do tão temido ENEM em provas é uma boa alternativa. Isso porque eles se obrigam a exercitar sua capacidade cerebral. E, ao mesmo tempo se adaptam com aquilo que terão pela frente.
Outras opções
Outra boa ideia é trabalhar a interpretação de texto de forma pura. Separar uma aula por semana para interpretação de uma música famosa que a maioria conhece. E até mesmo de um filme que muitos deles gostam. Fazer com que os jovens se sintam integrados no contexto da mudança é essencial. Isso para que eles gostem do que estão fazendo e queiram fazer mais.
Dar algumas dicas valiosas como sublinhar aquilo que parece importante e primeiro ler o enunciado da pergunta. Depois o texto de referencia, tudo isso vai fazer com que este público que comumente se mostre tão desinteressado queira mudar sua situação.
Adultos
Quando se trata de adultos, o desafio é tão grande quanto, porém por motivos diferentes. Quem considera sua vida acadêmica encerrada e já tem uma certa segurança no trabalho. E, dificilmente consegue ver que enfrenta dificuldades na interpretação ou na escrita de um texto. Ou se sabe que tem essa dificuldade, dificilmente vai querer mudar a situação.
Pensando nisso, é preciso encontrar uma forma de infiltrar o conhecimento na realidade do dia a dia dessas pessoas. Um bom modo de fazer isso é o jornal. Que é um meio de comunicação formado por textos e no qual as pessoas adultas costumam ter bastante interesse. Varie entre textos lógicos, práticos e informativos e textos que exijam uma certa capacidade de interpretação. Como crônicas e sátiras é uma ótima ideia.
Por quê?
Isso fará com que o leitor se esforce para compreender algo didático sem nem se dar conta disso. Livros relacionados a área de atuação do individuo no trabalho também podem ser uma ótima ideia, pois despertam interesse.
O analfabetismo funcional vem crescendo muito nos últimos anos, mas nós podemos mudar essa situação. Se unirmos forças e reconhecermos nossa própria realidade, formaremos uma sociedade de pessoas mais conscientes e dispostas a fazer as escolhas certas sempre.
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